Há muito tempo queria visitar o Mocotó, mas sempre dava alguma coisa errada. Ou as pessoas achavam longe demais (fica na Vila Medeiros, um bairro realmente afastado de todo o burburinho), que não fazia reservas e toda a série de empecilhos possível.
Quando finalmente conseguimos engolir as frescuras, criar coragem e ir – e levei a tiracolo a família reclamona toda -, a fila estava tão gigante (o restaurante abria às 12h, chegamos lá 11h50 e a espera dera de 1h30) que minha mãe surtou e acabamos indo para outro lugar.
Mas o cardápio e a visão dos pratos que tivemos nessa ocasião nos ofuscou e, tendo consciência da fila que nos esperava, marquei de ir de novo com a Bia (a única da família sem maiores chatices e grande fã de torresmos & queijo de coalho) e chegar lá às 11h. Chegamos 11h em ponto e éramos os primeiros da fila (na verdade, os terceiros :)). Já na fila, fomos informados de que, aos domingos, o restaurante agora abre às 11h30 (apesar de todos os lugares, inclusive o site do Mocotó) informar 12h. Ou seja, 11h35 já estávamos sentados.
O bar do Mocotó. Não curto cachaças, mas para quem curte, são 340 rótulos! Foto: Ligia Skowronski
O restaurante é outro capítulo à parte, bem diferente dos restaurantes do circuito badalado de qualquer cidade brasileira. É simples e arrumadinho, com uma hostess gente como a gente, garçons que te tratam bem e não te olham com superioridade (ser olhado com superioridade por quem vai te servir realmente é de fo*er o c* do palhaço), tipo aqueles botecos legais para bater um PF, com mesas de madeira simples e cadeiras com estofadinho de couro (a que eu sentei até estava com o couro meio rachado) sem frescuras e sem disfarces, onde as pessoas não vão para badalar, mas sim para conhecer a culinária de um chef badalado.
Aliás, o hype todo se justifica.
Primeiro, porque o chef Rodrigo Oliveira é lindo. ❤
Superhot! Foto: Autumn Sonnichsen/TPM
Segundo, porque o chef é foda – e tava lá. todo trabalhado na fofura… 🙂
Terceiro, porque os pratos do Mocotó são realmente bons.
Quarto, porque ele consegue fazer o povo todo se abalar para um restaurante pequeno, escondido, num bairro afastado, sem gramú.
Cinco, porque o serviço é ótimo.
Sexto, porque não é todo dia que se come no restaurante de um chef superestrelado uma refeição completa (entrada, prato principal com acompanhamentos e sobremesa) sem pagar algumas centenas de reais.
Bom, ao abrir o menu, a primeira supresa: tubaína! O que pode ser mais bacana do que comida nordestina com tubaína?
Perfeita, gelada e econômica – menos de R$ 4 a garrafa com 600 ml. E se alguém vier me falar que compra no supermercado por muito menos bla bla bla, sugiro que veja quanto custa aquela lata de Coca que você toma no almoço no quilo da esquina.
Melhor torresmo ever! Foto: Divulgação
De entrada, fomos em três clássicos da casa: o torresmo, o queijo de coalho com melado e os dadinhos de tapioca. Logo entendemos o porquê de serem clássicos – os três estavam muito bons. O torresmo foi o melhor que já comi, e ainda assim meu preferido foi o dadinho de tapioca, um quadradinho de tapioca com recheio de queijo de coalho. Amor eterno.

Dadinhos de tapioca: de comer rezando. Foto: Divulgação
Para os pratos principais, como estávamos em dois casais, pedimos dois pratos – um, o atolado de bode e o outro, joelho de porco servido com cuscuz de milho e gerimum assado. Como acompanhamento, o garçom sugeriu um baião de dois. Meu marido ia pedir o grande (afinal, somos quatro), mas o garçom disse que o pequeno (!) era suficiente. E posso falar? Foi mesmo. 🙂
Atolado de bode: na verdade, é um cabrito super bem trabalhado no coentro. Foto: Ligia Skowronski/VejaSP
As duas carnes estavam deliciosas, saborosas e muito bem preparadas.
O porco, macio e até eu que não curto muito gordura, me acabei.
Joelho de porco, servido com cuscuz de milho e gerimum assado. Maravilhoso! Foto: Fernando Moraes/VejaSP
O atolado – que na verdade, é de cabrito – veio com um molho tão delícia que dava vontade de comer só ele com o baião de dois.
Os pratos não são gigantes, mas deu bem para 2 pessoas.
Crême Brulée de doce de leite, doce na medida certa! Foto: Maria do Carmo/Folhapress
De sobremesa, pedimos 4 opções diferentes: o crême brulée de doce de leite, o sorvete de rapadura, uma tapioca de cocada com morango e o cartola de engenho, que mistura banana coberta por queijo e combinada com uma farofa de açúcar e canela, maravilhosa! Tudo divino – o menos sensacional foi a tapioca.
Cartola de Engenho, queijo, banana e muito amor. Foto: tungada do Foodspotting
No final, depois dessa suruba gastronômica, a conta veio em R$ 286 já com 10%, o que deu R$ 71,50 por pessoa. Só que nós comemos MUITO (4 entradas para 4 pessoas!) e bebemos MUITO (entre tubaínas e cervejas), e tudo muito bem. Saí satisfeita de verdade, e como não tinha tomado café da manhã nem consegui jantar, no final o domingo alimentício acabou saindo R$ 23,80 por refeição. 🙂
É um lugar que voltarei, com certeza!
É daqueles restaurantes que, só de olhar o cardápio, dá para saber que uma só visita não vai ser o suficiente
SERVIÇO
Mocotó Restaurante
Av. Nossa Senhora do Loreto, 1100
Vila Medeiros
São Paulo/SP
Tel: (11) 2951-3056